segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

STOPS: Tipos & Formas

Existe uma infinidade de tipos de STOP, já que o conceito é bem amplo. Contudo, reuni aqui os mais usados e confiáveis. Não veremos neste artigo  Stops mais "exóticos" como os dos degraus de Hilo associados a LTAs. Tampouco os relacionados com médias móveis, como os  do setup IFR2. Esses tipos de STOP serão alvo de artigos futuros, quando contemplarei os setups detalhadamente. Dentre os que veremos, alguns só podem ser definidos com a utilização da análise técnica, outros podem ser estipulados sem esta. Mas o importante é que ao menos um deles atenderá às suas necessidades, independentemente do nível de conhecimento e perfil de investidor. Vamos a eles: 


STOP Financeiro (ou Percentual) = Esse é extremamente simples e não precisa de A.T. Basta estabelecer um percentual de perdas aceitáveis abaixo de seu preço de compra (1% a 3% dependendo de um backtest nos seus trades pra ver o que funciona melhor). Para day trades e swing trades rápidos, não é muito interessante por ser "caro". Ou seja, ao levar em consideração unicamente o fator PREÇO, acaba muitas vezes oferecendo uma proteção além da necessária e pode ser acionado mais vezes. Ele é muito utilizado por quem faz compras em possíveis fundos, mesmo sem confirmação. Não é muito eficiente, mas como dizem: "Qualquer proteção é melhor que nenhuma proteção". 

 CSAN3, gráfico diário no período de setembro a dezembro/2010


$ STOP pelo Risco = Também não precisa de análise técnica, mas funciona melhor com ela (muito bom para day trades com gráficos intradiários). Compre num ponto que julgue ser algum fundo (em cima da mínima do dia até  o momento, por exemplo) e coloque o stop um ou alguns centavos abaixo do preço de compra, desde que o alvo seja interessante. Certamente será muito acionado, mas o risco x retorno acaba compensando para quem faz esse tipo de operação. Seu ponto fraco é justamente oferecer uma proteção aquém da ideal, além de ser indicado apenas para o tipo de trade exemplificado. Alguns traders só entram nesse tipo de operação com risco da ordem de vinte para um, de tão "arrojada" que é a estratégia.
Uma boa oportunidade para esse tipo trade/stop aconteceu hoje, 13/12/2010, na primeira hora de negociação de BVMF3. Exemplo no gráfico de 5m:




$ STOP no Tempo = Esse é, quem sabe, o mais fácil de compreender e utilizar. Só é indicado para quem faz operações de swing trade (ST), exclusivamente no curto prazo. É definido um prazo máximo para permanecer no trade (de 2 a 30 dias). Se não atingir o alvo ao final desse prazo, vende-se de qualquer forma, esteja o ativo na cotação que estiver. Alguns traders usam este em conjunto com outro tipo de stop, como o gráfico. Indicado também em trades contra a tendência do ativo, quando esse período é mais reduzido (no máximo, cinco pregões).

 BRKM5 - Gráfico diário no período de setembro a dezembro/2010


$ STOP gráfico = Aí não tem outra forma: tem que pôr de acordo com suporte definido na análise gráfica. É o mais usado e um dos mais precisos, servindo desde o day trade até o position. Normalmente é definido abaixo da mínima do dia anterior ao da entrada, mas pode considerar outros fatores, tais como: Fibonacci, médias móveis, fundos duplos, etc. Requer algum conhecimento e estudo. Um bom exemplo de Stop gráfico é o do trade sugerido neste blog, em ODPV3. O Stop foi posicionado na perda da mínima do último candle até então.




$ STOP de fechamento = Esse é o mais interessante para quem tem resistência psicológica em usar os stops tradicionais e pode acompanhar o mercado ao menos no final dos pregões. Na verdade, é o que considero mais eficiente. Muitos dos operadores profissionais com quem conversei usam em suas aplicações pessoais STOP de fechamento. Eles usam automático nas posições dos clientes (salvo determinação em contrário) já que o dinheiro não é deles e fica difícil explicar porque o STOP de uma operação estava em determinado valor e seu posicionamento não foi encerrado, ou porque foi encerrado com valor menor que esse STOP. Na maioria dos casos, o STOP de fechamento monstra-se vantajoso. Esse tipo de stop, embora algumas vezes um pouco mais longo, evita que você esteja vendendo quando é hora de comprar, e reduz as famosas "violinadas". Então, como utiliza-lo?
O ponto do stop é definido da mesma forma que no stop gráfico. O que difere é a forma de acionamento. Se a cotação de fechamento for inferior ao valor do STOP, vende-se (normalmente no leilão, mas pode ser feito um pouco antes ou até mesmo no After Market). Claro, em algumas vezes, você pode ter que vender com prejuízo maior do que o esperado, mas na grande maioria os preços tendem a recuperar  ao menos parte das perdas. Exemplo: um ativo que caiu -7% na 1a hora, pegando seu STOP em -6% (suporte) tem poucas chances de fechar assim. O mais comum é que ele recupere ao menos parte dessas perdas e, se estopado, o prejuízo será menor.  
No exemplo abaixo, contemplando o gráfico diário de AMAR3 (setembro a dezembro/2010), note que o trade seria estopado no último candle, o que não aconteceria caso fosse utilizado o stop em referência, definido pelo menor valor de fechamento desde o momento da entrada.


$ STOP Móvel = Acredito que todo homebroker disponibilize essa ferramenta, ideal para quem não tem tempo de acompanhar o mercado de perto, mas não gosta de ver um trade que já esteve positivo se transformar em prejuízo. Diferente do stop venda, à medida que a cotação do papel aumenta, o stop móvel reprograma automaticamente os valores de perda programados, sempre para cima. Exemplo: Um investidor envia uma ordem stop móvel para ITSA4 que no momento está cotado a R$10,00; Preço Disparo: R$9,10; Preço Limite: R$9,00; Início: R$11,00; Ajuste: R$0,50
Neste exemplo, quando ocorrer algum negócio neste papel no valor de R$11,00 (Início) ou mais, será somado R$0,50 (Ajuste) ao Preço de Disparo e ao Preço Limite. Os novos valores ficam com a seguinte configuração: Preço. Disparo R$9,60; Preço Limite: R$9,50.
Caso a cotação do papel continue subindo, o valor do disparo e do limite sobem conforme a cotação do papel. Quando o papel subir R$0,01 o disparo e limite sobem R$0,01 também.
Caso o preço do papel recue, ou seja, caia de R$11,50 para 10,90, por exemplo, os valores do Stop Loss permanecem constantes. Ou seja, o Stop Móvel não ajusta os valores na queda das ações, apenas na alta. 
Esse outro exemplo, em formato de fluxograma, ajuda a compreender melhor:




$ STOP de Volatilidade ATR = A ATR (Average True Range, ou Média da Amplitude da Variação no Brasil) é uma ferramenta da análise técnica (em linha) que estima a volatilidade média de um ativo durante um período X de dias. Ou seja, a ATR nos diz com uma boa precisão o que esperar de um ativo em termos de movimentação, como um tipo de "média móvel".
Quase todas as plataformas de análise gráfica (dentre elas a ADVFN gratuita) disponibilizam o indicador ATR. Para calcular o STOP, basta pegar o valor retornado pelo indicador e multiplicar por um fator de ajuste, entre 2 e 3,5 - de acordo com seu perfil e teste de resultados, mais arrojado ou conservador. Acredito que o fator mais usado é três, mas o ideal seria personalizar de acordo com seus resultados obtidos. Para exemplificar,  Digamos que você comprou uma ação a R$ 10,00 e o ATR apresentado é 0,5. Desse modo, o seu stop será:  

VALOR DO STOP = [10-(0,5x3)] = 10 - 1,5 = R$ 8,50

Eu particularmente, apesar do nome e formas pomposas, não gosto desse stop. Mas se você tiver interesse em compreender melhor, pode descobrir como calculá-lo manualmente aqui. Ferramentas gráficas mais avançadas permitem ainda que se construa um canal de stop (tipo bandas de bollinger), o que facilita a visualização e permite transformar em um tipo de stop móvel.

PETR4 - Gráfico Intraday de 60´ referente a dezembro/2010


$ STOP parabólico SAR (ou Stop and Reverse) = Similar ao stop ATR, já que o indicador foi desenvolvido pela mesma pessoa (Welles Wilder, que criou ainda o IFR e ADX). Também usa um indicador que lhe permite mobilidade e está disponível nas principais plataformas. Então, qual a diferença?
Esse "stop móvel" leva em consideração um fator muito importante que é desprezado no ATR: Tempo. À medida que o tempo passa dentro da tendência o indicador se aproxima dos preços, reduzindo a margem para STOP. O fator de aceleração, assim como o limite da mesma, pode ser alterado nas plataformas, o que permite personalizar os resultados.
A utilização dos "pontos de SAR" é ainda mais simples que a do ATR, bastando que, após inserido o indicador no gráfico, o mesmo esteja "trabalhando" abaixo da cotação atual. 
Quando os preços estão em zona de STOP, os pontos de SAR não são exibidos.
Particularmente, gosto muito dessa modalidade, sobretudo porque funciona muito bem em fechamentos, conforme exemplo a seguir:

OGXP3 no período de setembro a dezembro de 2010

Não podemos afirmar, dentre os inúmeros STOPS citados,  qual o mais eficaz. Sequer podemos sugerir quais devem ser usados, em conjunto ou isoladamente. O trader deve testar as diversas soluções apresentadas, fazendo um "ajuste fino" e pessoal para suas operações. Assim será possível identificar o(s) mais compatível(eis) com sua forma de operar.

3 comentários:

  1. Bom post. Quer saber, meus stop são cada vez mais longos, este 2010 comeu tanto stop curto meus que dei muita grana para as corretoras. Alias esta é uma afirmação defendida por alguns traders, a volatilidade que teve a bolsa em novembro e dezembro é como ondas de tsunami.

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  2. Bem observado. Esses meses, com stops curtos ou longos, estão sendo um pesadelo para comprados.
    Obrigado pelo elogio e pelo comentário. []s

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  3. Muito bom esse post, vou começar a utilizar esse métodos...
    Vlw equipe paladino

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