O que é?
Resumindo em uma frase, operação vendida é a forma de lucrar com a queda nas cotações de determinado ativo. Ela consiste em alugar e, posteriormente, vender um título que não se possui com a finalidade de recomprá-lo futuramente por um preço menor, sendo que o lucro vai ser o spread resultante. Claro, uma vez iniciada a operação, caso a cotação do ativo em questão suba, isso resultará em prejuízo.
Vejamos um exemplo prático que facilitará a compreensão do conceito: Suponha que você é amigo do Presidente Lula, e ele lhe confidenciou, no auge da crise financeira de 2008, que reduziria o valor do IPI dos carros novos. De posse da informação privilegiada, você procura um outro amigo que acabou de trocar de carro e nem retirou ainda, e lhe faz uma proposta: "gostaria de ficar com esse seu carro, e lhe darei um novinho como esse, que encomendarei na concessionária. Em troca do tempo que você vai esperar (aluguel) para pegar o novo carro, te pago um jantar". O amigo aceita e imediatamente você manda a concessionária repassá-lo ao próximo da fila de espera por, digamos, R$ 100.000,00. No dia seguinte, vem o anuncio da redução de impostos e o carro que custava R$ 100.000,00 passa a custar 80.000,00. Neste momento, você encomenda o novo carro para repor o do seu amigo. Resumindo: Você gastou 100,00 e lucrou 20.000,00 sem dispor de qualquer patrimônio, vendendo o que não possuía. Isto é exatamente o que ocorre numa operação vendida.
$ Por que fazer?
A operação de venda a descoberto, também conhecida como short, é uma estratégia eficiente, mas muitas vezes vista como uma espécie de "tabu" pelos investidores iniciantes em bolsa. Um engano recorrente e pensarem ser algo muito complicado que deva ser feito apenas por profissionais do mercado.
Se você opera o curto prazo, não operar vendido é como ter um carro que não tem marcha à ré, perdendo inúmeras oportunidades diante de um mercado baixista. Quantas vezes você não percebeu uma grande probabilidade de realização em um determinado papel, que acabou se concretizando, sem que tenha lucrado com isso?
$ Como fazer?
A primeira coisa a fazer é descobrir junto à corretora se o serviço está disponível. Se sua corretora não lhe possibilita fazer operações vendidas, considere seriamente mudar para uma mais completa, muitas vezes com taxas até mais baratas. É inadmissível que determinada corretora negue esse tipo de operação à seus clientes quando ela mesma faz, diariamente. Todas as corretoras operam a descoberto, apenas algumas não repassam a possibilidade de fazer isso aos usuários finais de seus homebrokers.
A operacionalização e os custos mudam um pouco de corretora para corretora, razão pela qual não detalharei neste artigo. Algumas fazem apenas por telefone, outras via chat, etc. O ideal é que entre em contato com a sua para saber como proceder e os custos envolvidos.
Sabendo como proceder e com o trade planejado, verifique junto à corretora se existe o papel que você pretende vender disponível para locação no BTC (banco de títulos da CBLC) e qual a taxa, que normalmente é baixa e cobrada pro-rata, mas há casos de papéis com menor liquidez onde pode chegar a 20% a.a. (ou até mais). NUNCA inicie uma operação de venda a descoberto sem alugar o papel no BTC (exceto Day Trade), pois as multas são pesadas.
$ Vantagens e desvantagens
Operar vendido é mais simples do que possa parecer e tem uma vantagem interessante sobre as posições compradas: são necessários poucos recursos, pois, apesar de ser exigida uma garantia de 120%, você pode usar os papéis alugados como parte dessa garantia (100%). Ou seja, para uma venda de 10.000,00, você só precisaria comprometer 2.000,00 em garantias de outros papéis ou recursos. Outro benefício é a possibilidade de fazer operações estruturadas (como long & short ou travas), viabilizando um hedge de proteção em determinadas situações.
Por outro lado, é preciso saber que essas operações têm que ser muito bem planejadas. Se trabalhar sem STOP é arriscado em se tratando de compras, em operações vendidas é impensável. Isso se deve ao fato de operações vendidas não terem limites para perdas. Igualmente preocupante é o custo da operação: além das despesas normais de uma operação comprada, ainda é preciso gastar com o aluguel do ativo e com operações via mesa, normalmente mais caras (exceto day-trade, que tem custos idênticos ao das operações compradas nas boas corretoras, sem a necessidade de alugar o ativo).
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