No artigo anterior, falamos sobre os principais indicadores. Neste, irei expandir o assunto, mostrando novos indicadores fundamentalistas, bem como mostrarei de que forma identificar empresas em situação financeira complicada, sejam micos (empresas com grandes dificuldades financeiras e com risco de insolvência) ou empresas turnaround (empresa com dificuldades financeiras hoje, mas com potencial de melhora no futuro).

Irei explicar abaixo os principais indicadores isoladamente (que podem ser obtidos naqueles mesmos sites que citei no artigo anterior), e depois como usá-los em conjunto para a avaliação.
Liquidez corrente menor do que 1: Liquidez corrente é calculada dividindo o ativo circulante pelo passivo circulante. Este indicador mostra a capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo da empresa. Por exemplo, uma empresa com liquidez corrente igual a 3, significa que para cada 1 real que a empresa terá que pagar no curto prazo, ela possui em caixa 3 reais. Já um valor como 0,5 significa que para cada 1 real que a empresa terá que pagar em obrigações de curto prazo, ela possui 0,5 reais em caixa, ou seja, saldo insuficiente. Alguns setores permitem que a liquidez corrente esteja abaixo de 1, e a empresa continue com caixa saudável. Isto ocorre em empresas com fluxo de caixa mais previsíveis, como elétricas por exemplo.

Mas, atenção, Guerreiro: Este parâmetro não serve para empresas do setor bancário, onde este número pode ser bem superior.
Margem liquida negativa: Este é simples, se a margem líquida anual da empresa estiver negativa, significa prejuízo no resultado. Margem liquida nada mais é que o lucro ou prejuízo líquido dividido pela receita liquida. Porém, existem algumas empresas que abrem mão do lucro no curto prazo, para aumentarem seus investimentos, visando a um retorno maior no futuro. Por isso, é preciso cuidado ao se investir em empresas que estão apresentando prejuízos nos resultados. Embora isto não signifique que a empresa esteja diante de dificuldades financeiras, se for investir nesta é preciso estudar a fundo e analisar o porque deste prejuízo, e se tem perspectivas de melhora no curto prazo.
Se uma empresa se enquadrar em dois destes três indicadores, pode ter certeza de que ela este enfrentando dificuldades financeiras, sendo, portanto, um ativo de maior risco. A idéia neste artigo não é analisar qual o grau de risco do ativo, ou se é somente uma dificuldade de curto prazo, tampouco qual seria o perfil da dívida, mas sim se o ativo se enquadra no quesito de ativo de alto risco, com base em parâmetros financeiros pré-definidos. Isso é extremamente útil para o investidor saber onde esta pisando, ou, então, manter a devida distância.

Vamos agora, Guerreiros, aos exemplos práticos com base no último balanço anual reportado pelas empresas (fonte do site fundamentus):
HAGA4 - Primeira coisa a olhar é se o patrimônio líquido esta negativo, neste caso sim, em - 107 milhões. Resultado: mico!
MNDL4 - Patrimônio líquido positivo. Vamos aos outros indicadores:
Liquidez corrente: 0,63 - Ruim;
Dívida bruta / Patrimônio: 2,19 - Ruim;
Margem líquida: +3,0% - OK, embora seja um valor baixo;
Como temos dois indicadores dentro dos parâmetros de classificação, podemos dizer que a empresa esta enfrentando dificuldades financeiras, e com isso é um ativo de alto risco.
Outro fator que os guerreiros sempre tem que ficar atentos é no prazo de divulgação dos balanços. É comum micos atrasarem a entrega dos balanços, e muitos ficam diversos trimestres sem fazer divulgações destes. O problema disso é que a CVM pode efetuar um bloqueio na negociação do ativo, por tempo indeterminado, até que a empresa regularize esta situação. Isto ocorreu, por exemplo, com os acionistas de AGEN11 ano passado, que ficaram quase um ano presos ao ativo, sem poder negociar.
Um caso especial são as empresas pré-operacionais, como as empresas do grupo X, por exemplo. Elas não se encaixam nestes parâmetros acima, porém vale ressaltar que são igualmente investimentos de alto risco como as empresas em situação de dificuldades financeiras, pelo alto cunho especulativo devido à grande incerteza na geração de caixa no futuro.
Um caso especial são as empresas pré-operacionais, como as empresas do grupo X, por exemplo. Elas não se encaixam nestes parâmetros acima, porém vale ressaltar que são igualmente investimentos de alto risco como as empresas em situação de dificuldades financeiras, pelo alto cunho especulativo devido à grande incerteza na geração de caixa no futuro.
Estes indicadores também servem como parâmetros de atratividade (adicionado na análise com os indicadores mostrados no artigo anterior) . Ou seja, empresas com alta liquidez corrente, baixa dívida bruta / patrimônio, e alta margem liquida, possuem uma situação financeira tranquila.
No próximo artigo abordaremos algumas estratégias envolvendo a análise fundamentalista, e sobre um dos principais indicadores para os investidores de longo prazo, que são os Dividendos.
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Interpretando os Principais Indicadores Fundamentalistas - 1a Parte
Cadu,
ResponderExcluirParabéns pelo artigo. Não fica devendo nada para nenhum autor ou analista de mercado. Muito pelo contrário, muito bem escrito e explicado. Vai ser um dos meus guias nas meus estudos fundamentalistas.
Novamente, parabéns.
Luiz Fernado (Investidor Aprendiz).
Pefeito, Cadu. Arrisco dizer que no curso de AF que fiz em fim de semana, assim como na respectiva apostila, não encontrei informações tão claras como as dispostas aqui. As ilustrações também estão ótimas.
ResponderExcluirParabéns!!!
Parabéns, estou acompanhando o seu blog! Você escreve muito bem!
ResponderExcluirParabéns por mais este artigo, Cadu!
ResponderExcluirJá estou esperando ansiosamente pelo próximo!
Abs,
Excelente artigo. Essa série de artigo não fica devendo nada para alguns livros no mercado sobre o assuno. Parabéns pelo trabalho, Cadu.
ResponderExcluirTenho uma dúvida: no cálculo do Patrimônio Líquido que aparece no Demonstrativo Financeiro das empresas inclui as ações em tesouraria? Como vemos, muitas empresas vêm fazendo programas de recompra de ações (neste ano já são 25 empresas) e queria saber a influência disso no Patrimônio Líquido das empresas.
Sugestão: Acho que poderíamos ver nessa série pelo menos mais um artigo sobre a saúde financeira da empresa, um que trate por exemplo dos indicadores EV/Ebit e Div Bruta / PL.
Desconsidere o "Div Bruta / PL" no tom como foi dito no meu comentário acima, pois esse indicador já foi tratado nesse artigo.
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