terça-feira, 10 de maio de 2011

Estratégias envolvendo análise fundamentalista - Primeira parte - Valor x Crescimento



Agora que os Guerreiros já conhecem os 6 principais indicadores para usarmos como parâmetros de atratividade, descritos nos dois artigos anteriores, vamos falar um pouco mais sobre análise fundamentalista, com foco no longo prazo (ou como o mercado gosta de chamar, buy & holder), e sobre quais estratégias o investidor pode escolher para montar sua carteira de ações.

Valor x Crescimento - Se pudéssemos rotular as empresas, diria que estes seriam dois bons rótulos para classificarmos. Vejam mais detalhes sobre cada uma abaixo:

Valor - É a estratégia predileta do investidor Warren Buffett, discípulo do Graham. Grosso modo, significa comprar uma caneta que vale R$ 1,00 por R$ 0,50, ou seja, comprar ações que estejam subavaliadas pelo mercado. A avaliação de indicadores, como mostrado nos artigos anteriores, é uma das estratégias para se identificar empresas de valor. Empresas deste tipo necessitam de uma boa análise de risco, isto porque muitas vezes elas estão baratas por conta de diversos riscos implícitos, como pendências judiciais, vencimento de contratos, suspeita de fraude, entre outras. Cabe ao investidor conhecer os riscos, e pesar a relação risco x retorno no seu perfil. 
Para resumir melhor esta estratégia, deixo aqui uma frase do Buffett: "preço é o que você paga, e valor é o que você obtém".

Exemplo de empresa com foco em valor: Copasa = P/L de 5,1, P/VP de 0,8, ROE de 16%, Liquidez corrente de 1,0, Divida bruta/patrimônio de 0,5, e Margem liquida de 21%. Indicadores atrativos e superiores aos números do mercado e do setor.

Crescimento - É a estratégia predileta do investidor Peter Lynch. De forma resumida, significa comprar uma caneta por R$ 1,00, mas que ontem valia R$ 0,90, e que amanhã você especule que valerá R$ 1,10. São empresas que possuem alto potencial de crescimento e que conseguem aumentar os números a cada ano de forma expressiva. Para identificar estas empresas, é preciso olhar os balanços anteriores, comparar a evolução dos resultados e fazer uma analise setorial e econômica para visualizar se a empresa possui grande potencial de crescimento, ou se continuará crescendo no mesmo ritmo.

Exemplo de empresa com foco em crescimento: Hering = crescimento forte e constante da receita nos últimos 3 anos - vejam o gráfico acima.

Quais embasamentos temos para escolhermos uma estratégia de longo prazo, focada em analise fundamentalista? 
Recomendo aos leitores o livro de J. Siegel, chamado Investindo em ações no Longo Prazo. Neste livro, o autor faz diversas pesquisas históricas nos índices americanos. Têm duas conclusões que ele mostrou, com base em fatos históricos, que achei muito interessante. Uma delas é que em períodos de investimento acima de 10 anos, descontando a inflação, o risco no mercado de ações se torna menor do que na renda fixa. A outra é que retornos históricos em ações de valor ultrapassaram as ações de crescimento, e esse melhor desempenho é especialmente verdadeiro entre as menores empresas, afirmando assim a superioridade da estratégia de valor sobre a de crescimento. 

Porque isto ocorre? Empresas que crescem a passos largos geralmente acabam tendo dificuldades em algum momento no controle de custos. Além disso, precisam de uma boa alavancagem financeira e muitas vezes acabam aumentando muito o endividamento. Também existe a dificuldade de manter constantemente um forte crescimento por um longo período de tempo e acabam tendo que reinvestir quase que todo o capital lucrado no negócio, ao contrário de empresas de valor, que geralmente conseguem ter maior folga em caixa, fazendo maiores distribuições de dividendos.

Gostei das duas estratégias acima. Agora, qual seguir? 
Simples, você pode montar uma carteira com capital de 50% focado em empresas de valor e os outros 50% focado em empresas de crescimento. O principal é fazer uma boa análise, conhecer os riscos inerentes da empresa e setor, e estudar se as perspectivas futuras estão favoráveis. Além disso, é importante analisar, a cada balanço, os indicadores e números, e comparar com a evolução histórica da empresa. Não podemos confundir buy & holder com buy & forget.

Para o artigo não ficar muito extenso, foi dividido em duas partes. No próximo, falararemos sobre Dividendos, um dos principais indicadores para o investidor de longo prazo, e como ele pode vir a somar com a estratégia de valor.



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3 comentários:

  1. Cadu Parabens seus textos sempre simples e objetivo, abraço

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  2. Já tinha lido no " Investindo em Smallcaps" sobre empresas de crescimento, e fiquei curioso para saber como funciona as estranhas da seleção de papeis desse livro. Depois que eu me fixar em investimento de valor, vou tentar aprender um pouco sobre crescimento

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  3. Muito bom o texto. Muitas das informações postadas estava aplicando sem saber.

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